Direta ou indiretamente, todos sofremos o peso de inúmeras influências, dos mais variados vetores – direções, comprimentos e sentidos tão igualmente diversos como o que te rodeia a ti, e a mim.
As nossas personalidades, o nosso centro, são indubitavelmente permeáveis aos ambientes em que nos inserimos (ou em que somos inseridos) - este é dos factos mais definitivos que conheço. Até que ponto somos feitos daquilo – e daqueles – que nos rodeia? Quão diferentes seríamos realmente se todos fôssemos sujeitos a uma so esfera de influências, una?
A família é dos fatores que mais pesam na formação do nosso carácter: reações instintivas, que a cada um podem parecer próprias de todos, que nos acompanham desde as fases onde o ritmo de aprendizagem é maior. Se bem que, para os sortudos como eu, grande parte dos valores básicos para uma convivência equilibrada com os outros habitantes do planeta Terra é transmitida na infância, é igualmente verdade que é nesta fase que problemas de carácter se começam a desenvolver. É difícil alterar características desta esfera: são ideias e comportamentos com os quais sempre vivemos, e que por vezes nos são difíceis de encarar como menos que científicos. Racismos, xenofobias, sexismos e preconceitos em geral têm frequentemente origem aqui. A linha que separa o que nos foi ensinado e o que adquirimos por nós mesmos é muitas vezes ténue.
Cabe a cada um ter a maturidade (e a vontade) de se autoavaliar e, se necessário, contrariar a tão famosa frase: “as pessoas não mudam”. Claro que mudam; não quer dizer que a mudança seja fácil, confortável ou sequer desejável. Muitos (incluo-me) são os que, nalgum (ou em todos) ponto da sua vida, se agarr(ar)am a convicções injustificáveis por eles mesmos com unhas e dentes, tentando com toda a força aceitar que cada um vive na sua esfera, na sua própria versão da realidade.
No entanto, não há dúvida de que a mudança é uma constante na raça humana – sem ela, não haveria evolução. Se quisermos que o mundo mude para melhor, devemos primeiro fazê-lo com nós mesmos, compreendendo a importância de, com regularidade, fazer um check-up ao carácter e respetivos ajustes.
Falar é muito bonito: já praticar...